segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Arte de rua no Egito pós revolução

Após a revolução do Egito, a arte de rua ficou mais sofisticada quanto ao tema e à mensagem

Josh Wood
No Cairo (Egito)


Nos seis meses que se seguiram à revolução egípcia que teve início em 25 de janeiro, o Cairo emergiu subitamente como a capital da arte de rua da região
Não faz muito tempo que era difícil encontrar grandes concentrações de arte de rua de qualidade no mundo árabe: o que se via eram as típicas proclamações universais de amor pintadas com spray e, na melhor das hipóteses, um raro estêncil e outras peças mais elaboradas.
Mas, nos seis meses que se seguiram à revolução egípcia que teve início em 25 de janeiro, o Cairo emergiu subitamente como a capital da arte de rua da região, e o seu universo do grafite – que teve início basicamente com slogans mal rabiscados pedindo a derrubada do regime de Mubarak – evoluiu, e passou a se caracterizar por temas bem elaborados e provocadores sob ponto de vista estético e político.
Todos os dias, quando a luz difusa do sol é filtrada pela camada de névoa seca que envolve o Cairo, novas peças feitas na noite anterior podem ser vistas pela primeira vez.
Há estênceis do revolucionário sul-americano Che Guevara exibindo uma barba de estilo muçulmano, e de um tanque de frente para um homem em uma bicicleta que traz um cesto de pães sobre a cabeça. As palavras “Você é bonito” estão escritas em um muro em uma rua adjacente à Praça Tahrir, a pouca distância do local onde foram travadas algumas das mais sangrentas batalhas de rua de fevereiro. Em outros locais os grafiteiros escreveram frase: “Respeite a Existência ou Espere Resistência”.
Artistas de ruas e os seus fãs criaram websites para identificar e acompanhar esses trabalhos, mas a propagação destes é tão vasta e rápida que tal tarefa tem sido difícil.
“Após a queda do antigo regime nós passamos a fazer muito mais porque não havia polícia”, diz um artista de rua de pouco mais de 20 anos de idade, cujo apelido é El Teneen. O primeiro trabalho de grafite feito por ele foi uma imagem do presidente Hosni Mubarak tendo abaixo de si a palavra “Fora!”, que ele pintou durante os primeiros dias da revolução.
Com a redução do contingente policial na maioria dos bairros – e um clima de maior tolerância por parte dos moradores em relação à arte pública –, o grafite passou a florescer no Cairo.
“Depois que a revolução eclodiu, eu creio que aumentou a vontade de ver as pessoas fazendo arte nas ruas”, diz um profissional de design gráfico de 29 anos de idade que de vez em quando faz trabalhos de rua sob o pseudônimo Ganzeer.
Em uma noite da semana passada, a altas horas, Keizer – o pseudônimo de um artista de rua de 33 anos de idade – estacionou o carro ao lado de dois policiais no bairro afluente de Zamalek, em uma ilha do Rio Nilo. Ele perguntou aos policiais se poderia fazer sob uma ponte um estêncil de uma menina em um balanço . Inicialmente, os policiais não viram nenhum problema quanto ao pedido de Keizer, mas eles lhe disseram que provavelmente teriam que consultar primeiro o oficial que os comandava. Keizer achou melhor procurar outro lugar.
Esse tipo de interação – um artista pedindo permissão a policias para pichar propriedade pública – é impensável em muitos países. Mas, agora que existe uma mentalidade mais liberal entre certos segmentos da população, essa ideia não soou inteiramente absurda para esses policiais em particular.
Embora algumas peças – como a garota no balanço que Keizer desejava desenhar – não tenham nenhuma conotação política, muitos trabalhos da nova arte de rua do Cairo exprimem as frustrações de um Egito pós-revolucionário no qual muita gente enxerga ainda no governo de transição administrado pelos militares as sombras do antigo regime e da forma como este agia.
Ganzeer também colaborou com outros artistas para criar em uma ponte em Zamalek a imagem de grande dimensão do tanque de guerra que ameaça o vendedor de pães. Descrevendo a sua inspiração para esses trabalhos, Ganzeer disse: “Foi a frustração com o fato de os militares terem assumido o papel de figura de autoridade e os poderes de governo – e basicamente por eles terem feito tudo aquilo contra o qual nós temos protestado”.
Muitos dos trabalhos de estêncil que Keizer gaz todas as noites – usando uma bermuda e, apesar do calor de verão, um casaco de moletom com capuz para ocultar a sua identidade – não veiculam uma mensagem clara e nem sempre são facilmente interpretados ou entendidos pelos pedestres. Em um dos seus estênceis, que mostra uma mulher segurando uma granada de mão, a arma é com frequência confundida com uma pera ou uma outra fruta, diz o artista.
Em certas ocasiões, as ruas do Cairo são quase que totalmente vazias, e quando os pedestres passam por Keizer no meio da noite, enquanto o artista trabalha, eles às vezes perguntam por que ele simplesmente não escreve a mensagem que deseja transmitir.
“Eu respondo a eles que cabe ao indivíduo pensar e chegar a uma conclusão própria”, diz ele. “E muita gente aqui não está acostumada a chegar a raciocinar e inferir por si próprio – eles estão acostumados a que lhes digam o que pensar”.

Tradução: UOL


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Câmara aprova projeto de lei que diferencia grafite de pichação

FOLHA DE SÃO PAULO 30/04/2011 - A Câmara dos Deputados aprovou anteontem um projeto de lei que descriminaliza o grafite quando há autorização do proprietário do muro. A intenção é diferenciá-lo da prática da pichação, que continua proibida.
Conforme a Lei de Crimes Ambientais em vigor, pichar e grafitar são crimes equivalentes, puníveis com detenção de três meses a um ano e multa.
O texto, que ainda precisa da sanção da presidente Dilma Rousseff, também proíbe a venda de tinta spray para menores de 18 anos.
Segundo o Planalto, a análise do tema só ocorrerá a partir de semana que vem.
Grafiteiros ouvidos pela Folha afirmam que a nova lei não vai mudar muita coisa na prática. Curador da Bienal Internacional de Grafite, Binho Ribeiro, 39, diz que, pela atual legislação, já é permitido pintar muros com autorização do dono. Para ele, o grafiteiro pego pintando em local sem autorização deveria responder por uma contravenção -como estacionar em local proibido.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Vídeo da última oficina de graffiti - Andaraí RJ


Este vídeo foi produzido e editado pelo prof. Raul Mota em colaboração com seus alunos da escola municipal Afonso Pena, Andaraí - RJ, novembro de 2010.

domingo, 19 de dezembro de 2010

O que é uma oficina de graffiti?


A oficina é um processo pedagógico pautado por encontros de curta e média duração, no qual grafiteiros/instrutores mais experientes compartilham seu conhecimento a cerca da elaboração e produção artística com seus “aprendizes” grafiteiros. A oficina tonou-se, nos últimos anos, uma etapa fundamental para aqueles que admiram e, principalmente, querem aprender ou desenvolver a arte do graffiti.   
   A oficina tem um caráter bastante prático e explicativo, o que exige certa habilidade dos instrutores em conciliar sua dinâmica de produção técnica do graffiti durante os encontros, com a sua capacidade de ensinar e estimular a produção de seus aprendizes. Sendo assim, alguns elementos são fundamentais para que o instrutor tenha a possibilidade de conduzir sua aula, tornando sua explicação mais clara e que, ao mesmo tempo, estimule a capacidade criativa dos novos grafiteiros.



Resultado final da oficina de graffiti realizada na escola municipal Afonso Pena - Outubro de 2010 - Andaraí - RJ



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Seria o graffiti uma arte ainda marginalizada?

       Mais recentemente, no ano de 2010, foi elaborado e confeccionado um grande painel grafitado no bairro da Lapa, que agregou os principais nomes da cena do graffiti carioca. Esta produção parece bastante significativa para elucidar a diluição subversiva dos grafiteiros e suas ações na cidade. Patrocinado e apoiado por empresas privadas (Antártica) e a própria prefeitura do Rio de Janeiro, o painel tem mais de 10 metros de altura, e mesmo estando posicionado em espaço público, possui iluminação própria, placa em reconhecimento dos artistas e até uma cabine do “famoso” choque de ordem em frente, como medida de segurança. Segurança é um termo bastante ambíguo, a medida que o graffiti não representa mais o perigo nem o vandalismo, e deve ser, portanto, protegido de possíveis atos de vandalismo e depredação. Nesse sentido, a cabine do “Choque de ordem” postada a frente do painel grafitado parece sugerir uma proposta de institucionalização deste junto à prefeitura do Rio de Janeiro. Todos esses elementos em torno do graffiti são extremamente contraditórios à sua própria identificação jurídica, taxado como ação criminal. Ora, o que tudo isso sugere?



Seria este painel fruto de uma reivindicação e uma conquista coletiva dos grafiteiros em torno da sua livre expressão no espaço urbano ou apenas mais uma ação de marketing da prefeitura da cidade?

Da Tijuca ao Andaraí

A rua Barão de mesquita é uma importante via de circulação localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente entre os bairros da Tijuca, Andaraí e Grajaú. Ao longo deste percurso há uma infinidade de estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes, drogarias, supermercados etc.) e de serviços diversos (escolas, academias, casas de festas, estacionamentos, pet shops), além de centros culturais e recreativos, o que amplia enormemente o fluxo diário de pessoas por este eixo. Além disso, esta rua é parte da rota diária de uma quantidade razoável de linhas de ônibus. É aqui, portanto, que estão dispostos estes graffitis que fiz entre os meses de outubro e novembro de 2010. A escolha desta localidade para a confecção dessas pinturas está ligada aos fatores descritos anteriormente, o que permite uma visibilidade maior do meu trabalho. Residir próximo acabou sendo outro fator preponderante na escolha destes locais.  Abaixo segue um mapeamento dos pontos que grafitei ao longo da Rua Barão de Mesquita, da Tijuca ao Andaraí.



As numerações indicam os pontos grafitados:
1- Esquina da Av. maracanã com Rua Barão de Mesquita

2- barão de Mesquita em frente ao quartel da PE 

3- Pátio da escola Municipal Afonso Pena

4- Próximo à Rua Uruguai

5- Próximo à Rua Maxuell


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O lagarto e seu território



Mais um lagarto no Rio Comprido (Av. Paulo de Frontin)...